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China, o dragão oriental...



Creio que todos nós tupiniquins (brasileiros) já nos questionamos sobre o crescimento e consolidação econômica da China. É impressionante o desconhecimento que temos deste país. O máximo que o cidadão comum sabe- e sou um deles - é que há 2 Chinas. Alguns ainda dirão; verdade?

Pois é; aos poucos começamos a ter curiosidade e interesse. Afinal a China passou a responder por cerca de 30% da nossa relação comercial. É isso mesmo. Tio Sam responde apenas por cerca de 10% em contraste impressionante com os 50% de 40 anos atrás.

Recentemente me questionei em como isso foi acontecer e comecei a raciocinar. Tio Sam iniciou um processo de terceirização da produção há cerca de uns 30 anos atrás a começar pela fabricação de tênis. Já não interessava mais ter fábricas na América (do Norte). Os produtos americanos passaram a perder competitividade com os japoneses. Que fazer? Fácil. basta contratar por encomenda a produção a ser instalada na China cuja mão de obra era quase que escrava e com isso inundar o mercado mundial com os produtos de marcas americanas made in China.

As marcas europeias também seguiram a mesma trilha deixada pelos americanos e começaram a encomendar de tudo desde jarros italianos a relógios suíços. Tio Sam investiu pesado na mudança rápida da moda e no consumismo.

Só que não contaram com uma característica do povo chinês. Eles são mestres em copiar e se orgulham disso. Há uma reportagem da National Geografic que mostra uma cidade inteira na China dedicada a produzir cópias perfeitas de pinturas famosas. Eles usam um processo parecido com uma linha de produção. Um pintor se especializa em fazer centenas de vezes um mesmo dedo humano. O pintor do lado faz o outro dedo e assim por diante até que um especialista termina o quadro com a assinatura.

Com essa característica cultural os chineses aprenderam a fazer de tudo com uma rapidez e qualidade impressionantes. Logo criaram cópias das fabricas sob regime joint-venture. E inundaram os mercados com produtos que no conceito ocidental eram e são produtos piratas.

O frenesi de produtos novos e com obsolescência programada visa exatamente estancar a perda de lucratividade retirando das lojas oficiais os produtos no exato momento em que os chinos começam a produzi-los como cópias nas fábricas piratas.

Até pouco tempo não conseguia visualizar essa loucura, mas convenhamos que faz certo sentido. Em paralelo existe um fato curioso que acompanhei desde adolescente. Quando entrei na escola técnica em 1.969, metade dos alunos tinha origem asiática. A grande maioria deles era nissei, mas tinha também coreanos e chineses. Ocorre que naquela época havia convênios firmados pela China no sentido de enviar estudantes para estudar mundo afora.

Enquanto que a maioria da minha geração sequer sonhava em realizar uma viagem ao exterior, os chineses eram incentivados a estudar fora aprendendo o idioma, a cultura e hábitos alimentares sem falar da economia de cada país.

Você caro leitor deve estar pensando que o autor “viajou” no abstrato e na imaginação. Entretanto, essa percepção pode ser confirmada no livro Cisnes Selvagens, três filhas da China da autora Jung Chang, uma dos cerca de 90 milhões de chineses mandados a estudar fora a partir de 1949.

Pois é; enquanto nós tupiniquins curtíamos Beatles e rock-and-roll, o país construía a Novacap, estradas, infraestrutura e absorvíamos a indústria automobilística; um forte aculturamento americano se instalava no nosso país através do cinema, da música e da propaganda massiva do american way of life com direito a Hollywood, Disneylândia e tudo mais.

Minha geração pagou caro pela Novacap, pela Itaipu, Angra dos Reis e outras obras grandiosas como a ponte Rio-Niterói. Tínhamos até uma indústria naval, hoje falida. Quem viveu essa odisseia certamente se lembra da inflação. do FMI e da dívida externa. E a geração atual com isso?

Tiveram a década perdida. É isso mesmo. Em 1980 com a crise do petróleo, as indústrias demitiram enormes contingentes. Surge a geração que chamei de perdida na postagem anterior. Trata-se da geração que nasceu após 1980 e quando adolescente não tinha perspectiva de emprego.

Mas voltando ao tema da China, os economistas preveem que sua economia ultrapassará a dos Estados Unidos em questão de duas. Será? Será que o dragão devorará a águia? Quem sobreviver verá, ou não, pois na velocidade com que as coisas mudam e com a quantidade enorme de informações (ou desinformações) que nos embriaga diariamente muita gente sequer conseguirá perceber.

O processo de transferência de produção foi tão grande que a China hoje já é o maior poluidor do planeta. Fico a pensar o que será de nosso rico país? Os chineses estão comprando terras, mineradoras além de obter concessões na área petrolífera e nós seguimos comprando todo tipo de bugiganga desde lâmpadas natalinas a satélites.

A pergunta que fica é: E o Brasil, continuará como celeiro do mundo?

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