Acompanho os esforços acadêmicos e empresariais voltados à educação e treinamento graças à Internet e meu desejo de saber.
Os estudos de projeção econômica que acessei demonstram o crescimento da demanda por mão de obra qualificada para o trabalho nas atividades fabris, comerciais e administrativas.
Há anos vemos crescer a defasagem entre demanda e oferta nas escolas de todos os níveis. A simples ascensão da nova classe media demanda mais vagas nas escolas públicas e particulares. Faltou planejamento e também vontade política.
Infelizmente é essa a conclusão que chego. Nem o governo federal, nem os governos estaduais e municipais se prepararam para a explosão de demanda de mão de obra qualificada no início deste novo século. No Brasil há falta de engenheiros, médicos, farmacêuticos, advogados, administradores, delegados e juízes, bem como toda gama de profissionais de nível médio. E não há como reverter essa situação a não ser que se mude a maneira de ensinar.
O mundo todo já acordou para essa situação e busca soluções bem sucedidas no passado. É o caso do EAD – Ensino a Distância. Os Estados Unidos adotaram a radiodifusão na década de 40 e 50 como ferramenta de ensino. Graças à tecnologia da Internet hoje podemos multiplicar de forma ilimitada a capacidade ensino de um único mestre colocando-o na web ao vivo ou on-demand (gravado).
Entretanto o mundo acadêmico precisa buscar e colocar em prática uma nova dinâmica de ensino e uma nova forma de validar o conhecimento aprendido.
Estamos diante do dilema: não basta jorrar conhecimento massivamente. É preciso verificar a habilidade adquirida pelos alunos. De forma mais clara, não é desejado um contingente de diplomas, mas sim um contingente de profissionais capazes de realizar suas atividades com um padrão mínimo de qualidade.
O meio acadêmico tanto docente como discente está tendo acesso a Internet graças às novas plataformas de LMS – Learning Management System, cobranças eletrônicas e barateamento dos gadgets. O ensino a distância toma proporções massivas como nunca.
Nasceu assim o termo MOOC - Massive Open Online Courses nas mais renomadas universidades. Os cursos abertos permitem que qualquer pessoa em qualquer parte do globo se capacite on line. Mas vemos erros e acertos. Recentemente tentei realizar um curso na Universidade de Londres e desisti. Por quê? Excesso de texto temperado com algumas enfadonhas entrevistas sobre o tema do curso: O futuro da Educação.
Pelo que tenho observado e acompanhado, os docentes precisam adquirir know how de ensino via web a fim de produzir algo digerível para as novas gerações que já nasceram com videogame e gadgets. O ritmo é outro. A maneira com que eles aprendem é diferente, mais social, mais pragmático, mais dinâmico. É totalmente equivocado transformar em EAD a aula presencial com o professor escrevendo no quadro branco ou verde. Passar enorme quantidade de conteúdo escrito também não funciona, pois ler nas telinhas cada vez menores é estressante e desestimulador.
OK, qual é a receita então? Para mim a realidade virtual será o futuro. Até lá, as escolas e universidades precisam reunir no EAD técnicas de cinema, novela, teatro e retórica. Assim as aulas serão mais objetivas, dinâmicas e atrativas.
Observo hoje inúmeras iniciativas particulares construindo verdadeiros caça-níqueis virtuais, que pecam pela efetividade. Dispomos de um enorme acervo de vídeos no Youtube, uma enormidade de livros digitalizados e narrados (áudio livros). Há também um acervo riquíssimo na web proporcionado pela fundação Roberto Marinho.
Falta reunir um exército de docentes com o objetivo de compilar, filtrar e acomodar esses conteúdos de forma oficial. É preciso também estabelecer uma forma de avaliação do aprendizado de forma constante e eficaz. Isso engloba mesclar as avaliações virtuais com avaliações presenciais. Ao mesmo tempo é preciso oferecer oportunidade ao aprendiz de colocar em prática o aprendizado. Portanto o ensino precisa estar acompanhado de programas de emprego conveniado com as empresas e indústrias.
Essa é uma visão macro que depende de vontade política não apenas em nosso país, mas em todo o mundo, pois não estamos sozinhos nesse mar revolto.
Acompanho desde a década de 90 o uso do CBT – Computing Based Training, o pioneiro treinamento via Embratel, pelo DVD e toda sorte de inovação proporcionada pela web, incluindo avaliações eletrônicas, videotecas, e-books e sistemas de gerenciamentos de educação. Vi nascer e crescer todo tipo de coisa aparentemente inútil como se pode presumir ser o videogame, as redes sociais, os mecanismos de busca e de follow me.
O uso dessas ferramentas para ensino deve e está sendo levada a sério na educação gerando nomes como gamification, social learning, collaboration fórum, chat etc.
Diz-se que o ócio é a mãe da criatividade e a necessidade é sua madrasta. Pois temos ambas vivas hoje atuando de forma dramática como nunca.