Minha sábia avó viveu até seus 104 anos. Nasceu em 1.900 atravessou o século superando coisas que hoje em dia consideramos absurdas, mas aconteciam. Por exemplo, casou-se aos 13 anos com meu avô. Ele tinha 29 anos - era normal essa diferença.
Incentivada por ele, estudou e formou-se em pharmácia (era assim que se grafava) aos 29 anos. Aos seus 18 anos assistiu a 1ª grande guerra e aos 42 anos a 2ª grande guerra mundial.
Após se formar deparou-se com a revolução de 30 e acompanhou seu esposo, nomeado interventor da prefeitura da cidade fundada por seu pai e outros fazendeiros em plena recessão mundial e quase bancarrota da família produtora de café. Seu sogro sucumbiu nessa recessão perdendo suas terras aos bancos.
Assistiu a outros episódios revolucionários como a morte de Getúlio, a renúncia de Jânio, a revolução de 64 e a luta pelas diretas. Apesar disso tudo era uma otimista e dizia a todos horrorizados de plantão que precisávamos acompanhar a tecnologia e os costumes.
Ela viu o automóvel nascer. Viu o rádio e o telefone se difundir. A televisão em preto e branco e a cores com controle remoto. Viu o toca-discos, o tape recorder, o videocassete e o DVD player. Viu o fac-símile e o telefone celular. Viu até o computador e o laptop antes de morrer, pois lúcida ela era e também modernista. Operou sua catarata aos 99 anos, pois queria ver seus parentes ao completar 100 anos.
Nos costumes, viu a revolução sexual surgir e se implantar na década de 60, viu os movimentos musicais charleston, salsa, bolero, tango, hippie, rock-and-roll, jovem guarda, bossa-nova, samba, e claro a música caipira. A gente de sua época se acostumou com mudanças e modismos e rupturas.
Entretanto sempre valorizou e procurou transmitir aos seus os valores da ética, do respeito, do trabalho e esforço fazendo jus aos méritos. Talvez ela tenha tido a sorte de falecer antes da era do copy&paste proporcionada pelos programas de edição de texto e principalmente pela Internet e seus mecanismos de busca.
Eu particularmente tenho acompanhado a deterioração do conceito de ética e o respeito a autoria. Na escola e no trabalho compartilhei autorias com pessoas que sequer se deram ao trabalho de ler o resultado do trabalho de poucos, tudo em prol do trabalho em equipe (sic).
No mundo corporativo, assisti a chefes, gerentes e diretores discursando brilhantemente como se autores fossem do trabalho de outrem subordinados ou não. Na política assisti a deputados, senadores, governadores discursarem textos preparados por suas assessorias de forma eloquente como se tudo saísse da sua alma prodigiosa e cheia de sabedoria.
Mais recentemente assisti a uma verdadeira guerra de acusações, boatos, inverdades e manipulações inescrupulosas no mercado de ações especialmente nos Estados Unidos que quase quebraram o sistema financeiro internacional.
Ao ler um artigo sobre a era da mentira, na revista Super Interessante número 350 suspirei. Há luz no fim do túnel...
O artigo trata justamente o tema da ética na A Era da Mentira. E eu que chamava a primeira década deste século de a Era da Comunicação. Muito mais apropriado é o nome dado por Eduardo Szlarz, autor da reportagem A Era da Mentira.
Coincidência ou não, ao pesquisar modelos de apresentações compartilhados na web, defrontei-me com uma autoria que trata exatamente sobre o tema ética no uso de autorias alheias. Como se trata de um tema da mais alta importância nos dias de hoje, divulgo a mesma através deste post - com a permissão por escrito da autora.
A apresentação está originalmente em Inglês, mas pode ser traduzida pela ferramenta, porém com prejuízo da formatação.
Se o tema está sendo abordado em sua família, em seus círculos de amigos, escola ou empresa, eis aí para seu deleite uma fonte com suporte de literatura e organizações governamentais globais que vale a pena conhecer. (Clique sobre a imagem para acessar a apresentação)
A autora é CHRISTIE SANDERMAN e o título de sua apresentação é: What is plagiarism?
Bom proveito.
