A segurança dos pedestres sempre foi uma preocupação para os reguladores de trânsito bem como para as pessoas em geral.
Até a década de 60 havia bicicletas circulando nas ruas e calçadas. Os adultos andavam pelas ruas e as crianças brincavam nas calçadas. Como todos sabemos a bicicleta é um veículo silencioso e, portanto menos perceptível para os pedestres.
As bicicletas eram dotadas de uma campainha que tinha o objetivo de alertar aos pedestres de sua proximidade. As crianças, menos conscientes do perigo que representam aos pedestres, eram estimuladas pelos pais a prender uma carta de baralho na estrutura da roda de forma que os aros provocassem um ruído parecido com o de uma matraca com o objetivo de alertar os pedestres.
Os carros, por sua vez, foram também dotados de buzina apesar do seu barulho característico. Entretanto, mais recentemente os carros se tornaram extremamente silenciosos ao mesmo tempo em que o ruído demasiado das cidades fizesse com que sua aproximação ficasse prejudicada em especial para os jovens e para os idosos. Os primeiros porque se utilizam dos celulares para ouvir música e os últimos simplesmente porque tem sua atenção e audição reduzida.
A preocupação com a segurança dos pedestres ressurge especialmente nas grandes cidades. Além disso, numa metrópole como São Paulo, as bicicletas foram reintroduzidas atendendo a reivindicação de uma parcela da população sem, contudo pensarem na regulamentação de seu uso nesse novo contexto.
Já está previsto no código de trânsito brasileiro. Mas os ciclistas notívagos bem como os de fim de semana sabem disso? Duvido. Afinal não é preciso fazer nenhum curso de condução nem tampouco é exigido licença para conduzir uma bicicleta. Então faltou algo nessa voluntariosa decisão municipal de impor espaço às bicicletas.
Nos países mais evoluídos, esse tipo de mudança é normalmente acompanhado de planejamento, discussão e muita informação sobre os deveres e direitos de cada parte envolvida - se discute, se planeja se testa todo tipo de situação a fim de preservar o convívio harmônico e, sobretudo o patrimônio humano envolvido.
A tecnologia veicular permite hoje haver automóveis extremamente eficientes na capacidade de frenagem e silenciosos fazendo com que a questão da segurança dos pedestres seja repensada pelos engenheiros. A questão se torna mais ainda urgente ao pensar que os veículos elétricos praticamente não produzem barulho a não ser o provocado pelos pneus.
E quanto aos carros? Os fabricantes estão trabalhando na sensorização veicular de maneira a alertar o motorista sobre a existência de obstáculos. Mas também pensam na automatização da ação de frenagem a fim de que o veículo freie por si ao detectar um obstáculo que possa gerar uma colisão se porventura o motorista ignorar os alertas sonoros e visuais.
Nos Estados Unidos já se discute a questão dos veículos silenciosos demais (ler a matéria) como os elétricos. Por aqui a questão deve demorar um pouco mais. Entretanto vale a pena acompanhar e quem sabe adotar algumas das soluções ao menos para as bicicletas.
Se a empresa Uber introduzir entrega por bicicleta em São Paulo, quem sabe os legisladores pensem um pouco. Uops! Já lançaram (ler a matéria).