Hoje estou com meus 68 anos e tenho tempo para repassar o passado, as coisas que acertei em fazer e as coisas que falhei.
Falhei em trabalhar demais, me ausentando da criação e formação de minha única filha. Eu e minha esposa tentamos acertar, mas erramos em algumas coisas que só hoje me dou conta.
Uma delas é a ideia de que ela soubesse escolher o momento de encontrar alguém para desfrutar dos prazeres e desafios de uma união e da independência financeira obtida por uma formação profissional.
As coisas pareciam caminhar bem pois ela encontrou prazer em seguir o magistrado, se aperfeiçoou e pôde pôr em prática toda teoria e aprendizado.
Em 2012, nos seus 32 anos resolveu largar a profissão e tentar realizar seu sonho desde sempre. Tinha uma poupança que foi consumida pelo custo do cursinho. Tentou por 3 anos e então tive que intervir financeiramente pagando o melhor cursinho. Mas qual é o melhor? Aquele que mais ingressos na medicina consegue.
Foi assim que eu pude entrar na mais concorrida escola técnica aos 13 anos precocemente e foi assim que ela conseguiu entrar e realizar seu sonho tardiamente.
Hoje ela está recebendo sua “colação de grau”, ou seja, aquele canudo vazio que todo formando recebe em cerimônia oficial. O CRM e o diploma mesmo só depois.
Me lembro perfeitamente da época que entrei na empresa sueca que trabalhei e nela me aposentei. Fiquei chocado aos saber que na Suécia os filhos saiam de casa para morar sozinhos ou com seu parceiro(a).
Eu entrei na faculdade aos 17 anos e me formei com 21, me casei com 22 e já havia começado a trabalhar com 20. Fui tardio no meu tempo pois meu pai começou a trabalhar com seus 10 anos na fazenda da família. Fez apenas o primário (o suficiente naquela época).
Os pais de meu pai e, portanto, meus avós eram farmacêuticos. Só vim a saber disso quando organizei o centésimo aniversário de minha avó. Ela se formou aos 30 anos de idade em Ribeirão Preto (SP) na primeira turma de Farmácia. Já meu avô formou-se em Ouro Preto (MG) não sei com que idade. Apenas sei que se casou com minha avó com 29 anos e ela tinha apenas 13. O casamento seguiu os costumes da época. Foi acertado pelos pais ambos eram fazendeiros. Um da cidade de Guaíra SP e outro da cidade do Rio Pomba MG.
Mas porque comento isso tudo? Porque observo que o mundo dá voltas. Nós apenas voltamos a fazer tudo como antes. Meu pai contava sobre a violência que havia em sua juventude e da facilidade com que se cometiam crimes por ciúmes ou por julgamentos precipitados e ultra moralistas (ousou beijar minha irmã ou prima no baile). Sim se matava e se morria por causa de um beijo.
Meu pai se casou com 21 anos com minha mãe quase 2 anos mais velha. Um escândalo para a época pois, minha mãe passou da idade de casar-se (23 anos) e sobretudo era mais velha que meu pai. Coisa inconcebível. Eles morreram e não fiquei sabendo se o casamento foi combinado ou se apenas se conheceram na diminuta sociedade da época.
Bem tanto meus avós como pais viveram até que a morte os separou. Hoje há a união estável celebrada em cartório ou não. E dura até que os hormônios ou a dificuldade financeira tire o emprego de um dos cônjuges.
Minha avó dizia sempre que tínhamos que evoluir conforme os tempos mudam. E ela sabia do que dizia pois passou pela pandemia de 1918, pela 1ª e 2ª guerra mundial, pelas várias revoluções brasileiras e estampava sempre um sorriso lindo ao ver os netos.
Assim como eu assisti ao amadurecimento tardio de minha filha, soube de inúmeros casos de não amadurecimento. Dos netos de meus pais (11) apenas 4 se casaram tiveram filhos.
E no meio dessa turbulência que vivemos atualmente, observo crianças parindo aos 11 aos 16 anos porque assim aconteceu sem casamento. E, voltamos 100 anos no tempo. Sim Hoje se mata por um ciúme, por uma opinião diversa ou por uma ofensa, lembrando que ofender-se é verbo transitivo direto. Você ofende alguém ou se ofende por causa de alguém.
No lugar do rigor dos costumes da igreja católica, vemos surgir o rigor das igrejas evangélicas surgidas a partir da década de 80 no Brasil. Pois é meu caro leitor.
Será que estamos evoluindo ou involuindo? Será que demos apenas um passo atrás para pegar impulso ou cairemos de costas?
Que Deus nos ajude; o seu. o meu, o nosso, ou o de todos nós.
Até breve.
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