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Quando o errado vira certo!?


Sou formado em Engenharia com ênfase em Engenharia Automobilística. Pois é. Após trabalhar 12 anos em Consultoria de Transporte pela Mercedes-Benz mais 6 anos em Demonstração do Produto pela mesma marca. Depois de trabalhar 18 anos na área de Treinamento da Rede Scania formando e informando os gerentes e vendedores sobre a arte de vender tecnicamente (o que implica em explicar a importância do equilíbrio dinâmico de veículos e a influência de possíveis erros de uso nos custos e na segurança veicular) eis que me decepcionei ao assistir uma reportagem na TV no Domingo Espetacular do dia 30 de janeiro de 2022.


Mas por que você se decepcionou Arnaldo? Por constatar ter passado 36 anos produzindo e divulgando manuais em prol do esclarecimento ao transportador de cargas e passageiros.


Sem falsa modéstia fiz parte de um grupo seleto na indústria automotiva nacional que contribuiu enormemente na melhoria do transporte por caminhão e ônibus. Na Mercedes essa especialidade foi denominada inicialmente de Assessoria a Frotistas e logo passou para Consultoria de Transporte. Na Scania e Volvo denominava-se de Engenharia de Vendas. Nos anos 2.000 vieram somar fileiras a IVECO e a Volkswagen Caminhões e Ônibus.


Na reportagem (ver vídeo) um professor da Faculdade que cursei e me orgulho (FEI) tentou explicar por que não se deve alterar as características do caminhão da forma que estão fazendo.


O erro se aliou a falta de rigor na fiscalização e a legislação brasileira que foi tolerante com a inventividade de pessoas “de boa vontade”. A inventividade do brasileiro sempre foi fértil em criar mais capacidade de carga nos veículos. Houve e haverá iniciativas boas e posso citar algumas já consolidadas.


Primeiro, inventaram o 3º eixo balancim para levar mais carga. Junto veio o alongamento do “entre eixos” dos veículos. Depois veio o 2º eixo direcional nos FNM e logo o 4º eixo nos Scanias. Nas “carretas” (semirreboques) veio a ideia dos 3 eixos em tandem. Vieram as carretas de 2 eixos espaçados (vanderléia) e por último as composições rodotrem e por fim o bi-trem e tri-trem.

Há que se ressalvar que algumas das inovações foram suportadas por engenheiros dos fabricantes tanto das montadoras como dos fabricantes de implementos, bem como dos órgãos técnicos de legislação e homologação.


Mas ainda permanece a “inventividade” leiga e essas comprometem gravemente a segurança veicular. Por exemplo, cito os primeiros bi-trens. Foram inicialmente homologados para trafegarem apenas em algumas rotas no transporte de bobinas com velocidade limitada. Por quê? Os freios não suportavam frear tanta massa e fatigavam. Somente a introdução do Retarder possibilitou mais segurança, ainda sob certos limites de operação.


A moda agora é elevar a suspenção traseira para “equilibrar” o veículo. O pior é que melhora a dirigibilidade ao transferir carga da traseira para a dianteira. Mas também eleva o centro de gravidade do veículo tornando-o suscetível ao tombamento em curvas ou sob ventos laterais.


O pior acontece quando qualquer veículo (ônibus, caminhão, automóvel ou motocicleta) colide na traseira. O para-choques mais baixo nos caminhões foi pensado para proteção de autos.


Nos veículos de traseira elevada, o suporte do para-choques tem seu comprimento aumentado (em100%) e não mais suporta sequer um automóvel colidindo. No caso da colisão de um ônibus e/ou caminhão, os passageiros ficam exatamente na altura da carroceria e serão fatalmente esmagados.


Os órgãos reguladores e homologadores permitem uma pequena elevação. Foi um erro, pois onde passa um boi passa uma boiada diz um aforismo popular.


O programa Domingo Espetacular da Rede Record de Televisão levou ao ar (31 de janeiro de 2022) uma excelente reportagem sobre o modismo que alcança caminhões articulados ou não. A denúncia foi feita de forma profissional e altamente criteriosa para toda a nação. Resta agora a ação dos órgãos legisladores e fiscalizadores agirem de forma rigorosa para coibir essa aberração.


Veja a reportagem do Domingo Espetacular de 31 de janeiro de 2022.



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