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Reinventando a Mobilidade Urbana


Aos 65 anos de idade, posso contemplar a revolução do transporte urbano, agora rebatizado como Mobilidade Urbana. Chique!


Para apreciar minha perspectiva convido o leitor a viajar comigo no tempo a fim de compreender certa perplexidade de seus pais, tios e avós em relação às novas soluções de transporte urbano.

Disposto? Ok, vamos lá.


Enquanto criança nos anos 60, tudo era muito perto. Me refiro à padaria, a quitanda (onde se comprava frutas e verduras), a mercearia (nome dado aos minimercados de secos e molhados), a escola, o clube, o comércio de roupas, a Igreja os hospitais.

Assim também acontecia com o trabalho pois, as indústrias construíam vilas ou bairros para os trabalhadores.


Tudo não ficava além de 500 metros da casa de meus pais. Tudo bem, eu morei no bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo. Mas outros bairros eram assim também! Os bairros eram minicidades! O ônibus ou o bonde eram usados para ir ao centro da cidade ou para visitar parentes em outros bairros. Bicicleta era raro e desconfortável por causa das ruas de chão batido e esburacas ou pavimentadas com paralelepípedos.


Estudava muito perto de casa (100 metros) até entrar na faculdade. Ao cursar a faculdade tomava apenas um ônibus intermunicipal para ir e voltar.


Tudo era um paraíso. As pessoas se ajudavam mesmo sem se conhecer. As compras eram feitas para pagar no fim do mês (anotadas em uma caderneta). O pão e o leite eram entregues na porta das casas. Os legumes e verdura idem. A lavadeira (sim, uma autônoma) recolhia uma trouxa de roupas semanalmente as entregava limpas sem conferência pois nunca se confundia.


Isso tudo foi gradualmente mudando à medida que a densidade demográfica nos tornava desconhecidos dos vizinhos e dos comerciantes do bairro, ou seja, nos tornamos gradativamente ilustres anônimos. Na faculdade me tornei um número, apesar do privilégio de cursar o nível superior.


Hoje no início do século XXI, vivencio o turbilhão de mudanças e penso que vale a pena comparar com as mudanças ocorridas no início dos séculos passados especialmente no tocante ao transporte.


Pode parecer chatice, mas acredito que possa ajudar as atuais e futuras gerações a dar mais valor ao que estão herdando e sobretudo que aproveitem o momento de mudança na forma como vivemos.


Nós tupiniquins sempre copiamos estilos de vida e de negócios de outros povos como se fôssemos máquinas Xerox. No início do século XX, importamos as indústrias têxteis e alimentícias, as monoculturas nos latifúndios, a construção civil e queríamos importar também as indústrias navais e as siderúrgicas.


O transporte de mercadorias era quase que exclusivo por trens, barcos e navios. O trabalhador do campo ou da cidade se deslocava a pé, a cavalo ou em canoas (se vivesse perto de rios). Os deslocamentos eram curtos, o almoço se constituía na famosa marmita.


Hoje os modais são inúmeros tanto para o transporte de mercadorias como de pessoas. Temos o caminhão e o ônibus respectivamente, temos os barcos, chatas, navios; temos o avião, o automóvel as motocicletas, as bicicletas. E temos também o metrô nas grandes cidades.


Nos parece que tudo está bem, só que não. As cidades foram planejadas para o modo de vida da segunda metade do século XX. Há uma competição enorme entre os caminhões, ônibus, automóveis e motos.


A fim de conciliar o caos, tentamos criar faixas exclusivas para ônibus - entretanto os taxis podem andar se estiverem com passageiros, faixas exclusivas para motos (numa época em que a circulação destas aumentou enormemente transportando documentos entre empresas) e mais recentemente estamos criando faixas exclusivas para bicicletas.


Hoje o estacionamento de veículos nas ruas é pago com aplicativo e o veículo não pode ficar por um período todo. Há uma disputa frenética pelo espaço público. A velocidade permitida caiu de 70km/h para 50km/hora para reduzir os acidentes. Os semáforos voltaram a ter o amarelo e o pedestre agora tem sua vez.


Recentemente surgiu o Uber, um tipo de taxi cuja requisição se faz por aplicativo ao invés de estender o braço. Surgiu também aplicativos que orientam o uso de modais concorrentes que orientam o usuário a tomar o metrô, depois um ônibus ou Uber permitindo que se opte pela opção de menor tempo (trânsito). Há também uma iniciativa de uso de bicicletas alugadas, que ficam estacionadas onde antes havia vagas para automóveis.


O caos urbano tende beneficiar um modal ou outro dependendo da administração pública da ocasião. Há planejamento? Até que há, mas a dinâmica é muito rápida e a infraestrutura das vias, a sinalização, a fiscalização não conseguem acompanhar.

Mais recentemente, surgem os patinetes elétricos os monociclos e scooters que passaram a disputar o espaço nas vias exclusivas para bicicletas. Nessas vias os pedestres querem correr ou caminhar.


A diferença de velocidade entre motos, monociclos, scooters, bicicletas e patinetes é preocupante. As bicicletas invadem faixas para pedestres, não respeitam os semáforos se importam com mão e contramão e rodam também nas calçadas.

A conclusão a que se chega é que as vias precisam ser replanejadas, caso contrário veículos de dimensões, finalidades e reações totalmente díspares irão entrar em conflito inconciliável.


Fica aqui o convite aos prefeitos, escolas de arquitetura, de engenharia civil e de transporte para buscarem soluções fora da caixa. Será que estamos preparados para abandonar o automóvel próprio? Será que os meios de transporte individual podem ganhar espaço mesmo considerando a questão da topografia, do frio, da chuva, da poeira?


Seria possível criar vias subterrâneas exclusivas para transporte individual? Isso poderá ser viável se considerarmos que os veículos individuais elétricos trarão outra realidade.


Alguns exemplos de bicicletas elétricas. As bikes são ofertadas com pneus grandes ou pequenos, largos ou convencionais.


Alguns exemplos de patinetes elétricos Note que alguns são dotados de selim meio que criando uma categoria intermediária.


Alguns exemplos de monociclos elétricos e hoverboards.


Alguns exemplos de motos e scooters elétricas



Algumas cidades poderão proibir a circulação de carros particulares dada sua ociosidade e necessidade de estacionamento. Só Taxi ou Uber circulará? Utópico não? Isso pode acontecer em centros expandidos das grandes cidades. Em São Paulo, caminhões trafegam apenas à noite para melhoria do trânsito, inclusive para coleta de lixo.


Alguns exemplos de caminhões e furgões elétricos.



Alguns exemplos de carros elétricos



Há que se considerar também a possibilidade de os veículos virem a ser autônomos.


Aqui, procurei focar apenas na alternativa elétrica, mas há os híbridos que poderão se constituir em alternativas viáveis para alguns usuários e alguns países. O Brasil estuda a geração de hidrogênio a partir do álcool, uma ideia trazida pela Nissan. Aguardemos


Por outro lado, há que se considerar a possibilidade de home work. A reunião virtual irá frear a necessidade de deslocamento nas cidades da forma e na frequência que acostumamos a ter.



Talvez, toda essa tecnologia combinada nos leve de volta ao início do século XX, só que com uma releitura das demandas por locomoção e os meios que utilizaremos para os deslocamentos reduzidos. Haverá mais veículos de entrega de compras feitas via Internet que deslocamentos de consumidores até os pontos de venda, restaurantes etc.


Está preparado para não possuir carro próprio? Você bancaria um carro próprio apenas para viajar nos finais de semana?

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