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Café Fake, café gourmet? que mais?

  • Foto do escritor: Arnaldo dos Reis Santos
    Arnaldo dos Reis Santos
  • 11 de fev.
  • 5 min de leitura


O que justifica o dobro do preço do quilo do café vendido nos supermercados para o consumidor brasileiro?


Assim como todo brasileiro aprecio um café bem moído e bem torrado. O meu tio, irmão de meu pai foi funcionário do IBC e era formado na arte da avaliação do café (na época produzido em São Paulo e Paraná). Com ele visitei o Instituto IBC em Santos. Ele me explicou como era feita a coleta de amostras nas sacas, como era feita a avaliação e qualificação do café torrado e moído e por aí vai.


Paulista que sou, aprecio o café mais torrado, mais típico do interior paulista. Nunca me esqueço da degustação oferecida pelos donos da marca “Lupo”, também produtores de café nos idos anos 80, época em que visitei a fazenda do grupo familiar.


Os anos se passaram, as regiões produtoras de café migraram de São Paulo para Minas e Espírito Santo e depois para Rondônia e São Paulo deixou de degustar o café tipicamente mais torrado e coado na hora.


Hoje, o café está custando o dobro do preço e a qualidade piorou, pois algumas marcas “novas” oferecem café de granulação menor, o que indica que é oriundo do restolho da produção. OK, os experts qualificam 3 tamanhos de granulado.


“Café fake”


Dado o preço exorbitante do café verdadeiro, alguns fabricantes passaram a criar marcas, cujas embalagens e nomes sugerem ser café artesanal ou café gourmet (frutado, sabor cacau etc). Café de cevada foi o fim da picada.


Trata-se de pura fraude do tipo creme de leite que não é creme de leite mas, sim uma mistura láctea derivada do soro do leite. Tem o yogurte que não é yogurte.


Tem também o leite condensado que não é leite condensado, mas sim uma mistura de leite com amido ou espessante artificial. Minha maior surpresa foi constatar que um famoso doce de leite de minha infância, virou uma

pasta com sabor de doce de leite.



Agora inventaram o “café fake”. Um pó que é vendido como café, mas na realidade é um pó com sabor de café, diga-se muito ruim.


No passado, inventaram o café italiano, o café gelado da Starbucks, o capuchino e mais recentemente o café em cápsulas.


Nada contra, mas não se compara a um café coado em saco de pano lavado somente com água e reutilizado para que cumpra sua função de apenas filtrar a mistura de água fervente (sem borbulhar) com o pó de café. Esse é um dos segredos do bom café. Fica melhor se for água de poço ou mineral. Isso por causa da ausência de cloro.


O bule de café também reserva um segredo. Não se deve lavar o bule internamente com sabão ou detergente. O bule perfeito é aquele que é apenas lavado com água, nada mais. Com o tempo, o bule se torna um indicador de ponto certo ao aquecer um café recém coado. Ao esquentar um café em um bule assim cuidado, ele chia, indicando à dona de casa que está na hora de servi-lo. Quem coa sabe que demora certo tempo para coar e há quem queira o café queimando “bico” – ou lábios


Claro está que o ideal é o café coado na hora. Mas, por mais que o preparador planeje o volume de café para um grupo de convescotes, sempre sobra um volume que o coração não permite jogar fora. Assim, é bom saber como reaquecê-lo. Afinal, café fervido é tudo de ruim.


Mas vamos ao tema PREÇO.


O ano de 2024 deveria ser um ano de normalidade no abastecimento interno de café. Afinal se previa um aumento de produção (sacas produzidas) e um aumento da produtividade (toneladas por hectare plantado).


Se tudo seguisse conforme as previsões, o café continuaria a ser oferecido ao consumidor brasileiro a R$12,00 o pacote de 500 gramas. Entretanto o pacote fechou o ano ao preço de R$24,00 o saquinho de meio quilo. Algumas marcas supostamente mais exigentes em termos de qualidade já praticam R$29,00 o saquinho de meio quilo. Já não se faz distinção entre o produto embalado a vácuo com o produto vendido em almofadas (aerado).


O consumidor não tem muito o que fazer a não ser reduzir o consumo diário. Segundo os informes da Conab, não há motivo para o aumento exacerbado do preço. Veja a seguir alguns recortes da publicação e conclua por si.


“Com 96% da área do café já colhida no final de agosto, a safra de 2024 do grão está estimada em 54,79 milhões de sacas beneficiadas, redução de 0,5% se comparada com a produção obtida em 2023.”

“No entanto, as condições climáticas adversas blábláblá ... “Com isso, a produtividade média nacional de café está estimada em 28,8 scs/ha, 1,9% abaixo da obtida na safra de 2023.

“Para o arábica, a estimativa aponta para uma produção de 39,59 milhões de sacas, o que ainda representa um crescimento de 1,7% acima da safra anterior.”

“Em São Paulo, o clima também afetou o desempenho das lavouras. Ainda assim, é esperado um crescimento de 8,2% em comparação ao resultado obtido em 2023.”

“Diante deste cenário, as exportações brasileiras registram 32,1 milhões de sacas de 60 quilos de café, no acumulado de janeiro a agosto de 2024, volume que corresponde a um aumento de 40,1% na comparação com igual período de 2023, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Esse volume é o maior já exportado pelo Brasil, considerando os oito primeiros meses de cada ano. Caso as exportações de café nos meses finais de 2024 permaneçam elevadas, o país poderá superar o recorde registrado no ano de 2020, quando foram embarcadas 43,9 milhões de sacas de 60 quilos.”


A pergunta que fica: Se a queda de produção e produtividade foram tão baixas, por que estão cobrando o dobro de preços para o consumidor brasileiro? Será que os produtores estão transferindo um suposto "prejuízo" na venda da safra a uma empresa desonesta? Ou seria mais uma fraude criativa?

 

Caso queira ler o informe completo da NONAB, siga o link e compare com as informações numéricas. O texto original insere comentários que confundem e distorcem os números.



Assista ao vídeo que denuncia a especulação:


O presidente Lula tem razão ao querer voltar ao sábio conselho de Moisés para o Faraó. Guarde o excesso de produção de grãos de um ano pois, se na safra vindoura houver seca, o povo não sofrerá fome. É bíblico. Nas o neocapitalismo quer se aproveitar das oscilações ao redor do mundo para especular.


Temos que retomar a política dos estoques reguladores do governo. Cuidar dos preços apenas com a importação não é suficiente. Às vezes funciona como funcionou no caso do arroz durante as enchentes no RS. Os produtores gaúchos seguraram a ganância assim que o governo liberou a importação de arroz.


Logo depois da liberação veio o presidente da associação de produtores gaúchos informando que mais de 80% da safra já havia sido colhida e que não houve contaminação nos armazéns.


Se os armazéns fossem do governo, não haveria essa tentativa de fraude (crime) contra a economia popular.


Se o leitor chegou até aqui, talvez queira se aprofundar no tema do café e saber qual a melhor forma de coar, fazer etc.


Tipos de preparo:


Mellita ou Clever?


Coador de pano ou Mellita ou metálico?


Onde tudo começou: o café turco.


Boa sorte!


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